Publicidade Infantil

Você já reparou na grande quantidade de propagandas feitas por indústrias de alimentos? Já se deu conta de que os alimentos ultraprocessados (geralmente com alta quantidade de açúcar, gordura, sódio) são o foco preferencial dessas campanhas?


O padrão alimentar, sobretudo de crianças e adolescentes, vem se modificando em todo o mundo. Entre os fatores associados, está a expansão dos meios de comunicação, em especial a televisão.
A TV é a maior fonte de lazer e informação da maioria da população, moldando opiniões e comportamentos. Você sabia que hoje as crianças são expostas a mais de 40.000 propagandas por ano, das quais 30.000 são de produtos específicos, como alimentos?
Já é consenso entre as principais organizações em saúde pública que a regulação da publicidade de alimentos é uma das estratégias necessárias para o combate à obesidade e às doenças crônicas. As campanhas de marketing não apenas influenciam as escolhas alimentares na infância, mas também buscam fidelizar consumidores desde cedo.
Estudos mostram que o efeito de comerciais no comportamento alimentar infantil têm demonstrado que o hábito de assistir à televisão está relacionado com os pedidos, as compras e o consumo de produtos alimentícios anunciados por ela.
Assim, a educação alimentar acaba não ficando ao cargo apenas dos pais ou da escola. Há tempos, ela vem sendo dividida com os meios de comunicação e é praticamente impossível evitar que estas mensagens atinjam as crianças e acabem fazendo parte da sua formação.
O problema se torna ainda mais grave, quando além das crianças, vemos os pais também serem atingidos por mensagens enganosas, como a da maionese industrializada que se diz tão boa quanto o azeite, do catchup que afirma ser como o tomate in natura, do tempero cheio de sódio e glutamato que é o temperinho cheio de amor...
Atrelado a esse movimento, já reparou também que os alimentos não saudáveis possuem um preço mais acessível, ou seja, são mais baratos do que os alimentos saudáveis? Além disso, usam truques variados para chamar a atenção das crianças, entre os mais comuns estão associar personagens de desenhos infantis a marca e oferecer brinquedos como brindes na compra do produto.
O que precisa ser feito? Reverter esse cenário! O ideal é a restrição da publicidade de alimentos não saudáveis e promover propagandas sobre uma alimentação saudável e a prática de atividade física.
O novo Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde em 2014, reconhece a influência e coloca a publicidade de alimentos como um dos obstáculos para a alimentação saudável. O guia destaca que a regulação é necessária, pois a publicidade estimula o consumo de alimentos ultraprocessados, induzindo a população a considerá-los mais saudáveis, com qualidade superior aos demais, e frequentemente associá-los à imagem de bem-estar, felicidade e sucesso.

Ainda há um longo caminho pela frente para alcançar a garantia dos direitos à alimentação adequada e saudável e os direitos dos consumidores.

      Publicado em 25/04/24